Comentário do Ministério dos Assuntos Estrangeiros sobre as perspectivas do Tratado START
Comentário da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Maria Zakharova sobre as declarações do secretário-geral da OTAN sobre as perspectivas do Novo Tratado START (de redução de armas estratégicas):
Tomamos nota das declarações feitas pelo Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, em uma coletiva de imprensa em 30 de novembro, relacionada com a reunião dos Ministros das Relações Exteriores da OTAN em 1o e 2 de dezembro. Ele disse, em parte, que nesta reunião os participantes planejavam discutir abordagens para manter o regime de controle de armas, incluindo "limitações nas ogivas nucleares, já que o Tratado START deve expirar em fevereiro próximo".
Só podemos saudar a decisão da OTAN de finalmente expressar preocupação com a situação do controle de armas que está inexoravelmente indo de mal a pior como resultado da destruição consistente pelos Estados Unidos de tratados e acordos nesta esfera. No entanto, é perplexo que o secretário-geral da OTAN fale sobre a expiração do tratado como algo predeterminado, embora a maioria absoluta dos membros da OTAN, se acreditarmos em seus representantes, apoie a extensão do tratado. Nesse contexto, gostaríamos de entender por que Jens Stoltenberg está tão convencido de que o Tratado START não tem perspectivas.
A Rússia expressou repetidamente o seu apoio à extensão sem reservas do Tratado START na forma em que foi assinado. A Rússia fez uma proposta oficial à outra parte do tratado, os Estados Unidos, em dezembro de 2019 e a reafirmou mais de uma vez desde então. É perfeitamente claro que a extensão do tratado pressupõe a preservação de todas as restrições estabelecidas no SRART, tanto veículos de entrega estratégicos quanto cargas nucleares.
É igualmente importante que a extensão do tratado ganhe tempo para negociações abrangentes entre a Rússia e os Estados Unidos sobre o futuro controle de mísseis nucleares, com a devida consideração por todos dos fatores que têm impacto na estabilidade estratégica. A Rússia apresentou ideias específicas sobre esse assunto. Agora a bola está do lado de Washington.
Tendo em conta estas considerações, seria mais apropriado para o Secretariado da OTAN instar os americanos a começarem a trabalhar na extensão do Tratado START e fazer esforços construtivos para aumentar a estabilidade estratégica e o controlo de armas.
Além disso, gostaríamos de lembrar a OTAN e seu secretário-geral sobre as propostas da Rússia para diminuir a tensão na Europa em vista da descontinuação do Tratado INF, que previa moratórias recíprocas verificáveis sobre o lançamento de mísseis de médio e curto alcance na Europa. A Rússia propôs medidas práticas que poderiam ajudar diretamente a Rússia e os países da OTAN a removerem suas preocupações nessa esfera. Parece que uma discussão detalhada das propostas russas tornaria a atual reunião ministerial da OTAN muito mais eficaz para aumentar a segurança e a estabilidade euro-atlântica.
Em qualquer caso, seria mais útil fazer isso do que fazer acusações absurdas sobre o aumento do potencial militar da Rússia “em torno” da OTAN.