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Literatura russa: Leonid Andreiev e a conversão do diabo

Leonid Nicolaevitch Andreiev (1871-1919) até os 30 anos de idade, teve uma vida muito pobre, passando dias e dias sem ter o que comer, chegando a tentar o suicídio, que não se consumou porque ele foi socorrido a tempo. Ainda no hospital, Andreiev se arrependeu do ato e começou a refletir sobre a incapacidade do homem de se sobrepor ao destino.





Apesar dos reveses, prosseguiu nos estudos e formou-se em Direito mas, não possuindo vocação para a carreira, dedicou-se inteiramente à literatura e ao jornalismo. Suas primeiras novelas alcançam relativo sucesso. Tolstoi, em plena glória, o saudou com entusiasmo. Os editores mostram-se sempre interessados em seu livros, que ele publicou continuamente até morrer em condições misteriosas em 1919 na cidade de Kaokkala, Finlândia, onde se exilara 5 anos antes. Sepultado no Cemitério de Volkovo.

Sua obra literária é povoada de infelizes personagens que inspiram compaixão. Andreiev nunca conseguiu se livrar das traumatizantes experiências de seu passado, e transmitia em seus textos imagens de tragédia e amargura através de seus vencidos personagens, com um estilo revoltado, impetuoso e torturantemente pessoal.

Em geral, os trabalhos de Andreiev refletem a vida sombria e atormendada dos que já perderam todas as esperanças e ilusões. Até mesmo o humor com o qual tenta impregnar alguns textos tende a soar irônico e sombrio. Andreiev sempre tenta chamar a atenção do leitor para o lado mais trágico e cruel da vida, fustigando o egoísmo, a impiedade, a covardia e a brutalidade humanas.

Colocado entre os grandes escritores pessimistas, Andreiev desce ao âmago das misérias que o rodeiam, não hesitando nem mesmo diante do mórbido, e expondo tudo com uma crueza quase selvagem.

A dúvida sempre o atormenta e, por isso mesmo, da sua numerosa bagagem literária (contos, novelas, romances, dramas e comédias), poucos trabalhos refletem tão nitidamente a sua personalidade quanto A Conversão do Diabo, uma das obras primas do conto universal, que trata com graça, sensibilidade e um amargo e irônico humor o completo fracasso das pretensões diante das contingências da vida.


A conversão do diabo

O seu brilhante conto A Conversão do Diabo é espetacular. Uma obra prima de cunho filosófico fortíssimo, que fará o leitor refletir com excelentes toques de humor. Muito bem elaborada, a trama gira em torno de um diabo sensível e inteligente, que arrependido e cansado de fazer o mal, faz de tudo para se converter em anjo, para poder finalmemente praticar o bem. O demônio, então, vai morar na igreja de um pobre padre, que acaba se envolvendo completamente no projeto do primeiro, que por sua vez, vai dando um verdadeiro nó em sua cabeça eclesiástica e religiosa, devido ao debates e embates metafísicos travados entre ambos. Conto bem humorado e profundo, escrito com graça e malícia; receita de absoluto sucesso para o leitor se divertir e refletir em grande estilo.

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