O papel do Novo Banco de Desenvolvimento, o 'Banco dos Brics’
Aporte inicial de US$ 200 bilhões do NDB não é apenas um pilar financeiro sólido da associação, mas também uma evidência de seu crescimento no setor financeiro internacional
Sputnik Commercial & Consulting e Opera Mundi publicam, nesta terça (12/11), o segundo da série de artigos três sobre os Brics, cuja reunião de cúpula acontece na quarta (13/11) e quinta (14/11) . Neles, o cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Yury Lezgintsev, conta um pouco da história do bloco que reúne Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul e discute os desafios para o futuro.
A área econômica continua sendo o rumo mais avançado da parceria estratégica dos Brics. Um resultado prático importante da interação entre os países dos Brics foi o lançamento em ano 2015 do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o "Banco dos Brics", com sede em Xangai, e o Pool de Reservas Contingentes dos Brics, com uma impressionante quantidade agregada de fundos de US$ 200 bilhões, que não é apenas um pilar financeiro sólido da associação, mas também uma evidência de seu crescimento no setor financeiro internacional.
No final de 2018, 26 projetos de investimento nos países dos Brics, no valor total de US$ 6,5 bilhões, foram aprovados pelo NBD (no futuro, o Banco poderá expandir suas atividades para países terceiros). Em 2018, foi realizada a abertura do Centro Regional Africano do NDB na África do Sul; em 2020, planeja-se estabelecer estruturas semelhantes no Brasil e na Rússia e, depois, na Índia. Estão em andamento trabalhos para expandir a composição dos acionistas do Banco (os critérios relevantes, que devem ser aprovados pelo Conselho de Diretores, não permitem a admissão de candidatos que praticam sanções unilaterais contra os países fundadores).
Por conseguinte, esses órgãos financeiros e de crédito representam mecanismos importantíssimos para construção de cooperação econômica e fortalecimento da integração dos Brics. Ao conquistar uma posição influente no sistema global monetário e financeiro, esses órgãos promovem a modernização da arquitetura global de gestão econômica e fortalecimento da rede de segurança financeira.
Em Joanesburgo, já foi inaugurado o Centro Regional Africano do Novo Banco de Desenvolvimento. Entre os objetivos mais próximos do NBD, está o trabalho para alcançar uma posição alta no ranking internacional de crédito, o que permitirá introduzir a prática de emissão de títulos nos mercados dos cinco países. Nos últimos anos, foi alcançado um progresso considerável no processo de ajustamento de pleno funcionamento operacional do NBD. O conselho executivo do NBD aprovou a primeira estratégia do banco para o período de 2017 – 2021, e foi transferido o primeiro empréstimo para projetos ecológicos da China.

Wikimedia Commons Novo Banco de Desenvolvimento: sede em Xangai e impulsionador do desenvolvimento econômico do bloco
Estão sendo analisados e elaborados os projetos de inauguração de escritórios regionais do NBD. Estreitam-se as parcerias do NBD com os bancos multilaterais e nacionais de desenvolvimento, bem como com os principais bancos comerciais dos Brics. O NBD desenvolve ativamente as suas atividades operacionais na Rússia. Conforme os dados do ano passado (2018), na Rússia, foram aprovados três projetos de investimento com o valor total de US$ 630 milhões, e isso é só o começo.
O trabalho está sendo feito para a criação de condições favoráveis para o NBD atrair o financiamento externo de dívidas, inclusive em moedas nacionais. Foi aprovada a decisão de criar o Fundo de Obrigações dos Brics em moedas nacionais. Foi finalizado o trabalho de criação de Arranjo Contingente de Reservas dos Brics com mecanismo completo de funcionamento e base nacional necessária.
Como dizem nos círculos bancários, os fluxos financeiros são o sistema circulatório de qualquer economia. Neste contexto, podemos constatar o fato de que os Brics têm todos os mecanismos eficazes para a cooperação econômica, tanto entre os cinco países, como com as organizações financeiras internacionais. Esse é o papel essencial desses mecanismos.
Além disso, o trabalho para pagamentos em moedas nacionais realiza-se constantemente. Já temos exemplos de transações realizadas entre a Rússia e China em rublos e yuan. Claro que isso não é uma decisão para uma vez só, o processo de transição é bastante duradouro. Ao mesmo tempo ninguém tem o objetivo de parar de usar outras moedas mundiais de reserva. Importante é ter essa possibilidade e que as economias dos Brics sejam preparadas para essa transição.
Na agenda, agora, está o objetivo de garantir a alta prontidão operacional do Arranjo Contingente de Reservas dos Brics, incluindo a realização de amplo teste de funcionamento desse mecanismo e fortalecimento de cooperação entre os Bancos Centrais dos cinco países na realização de pesquisas econômicas conjuntas e intercâmbio de informações macroeconômicas.

Da esquerda para a direita: Jornalista e escritor, Haroldo Ceravolo;
cônsul geral da Rússia em São Paulo, Yuri Mikhailovich Lezgintsev;
sócio proprietário Sputnik Commercial & Consulting, Sérgio Lessa.
Foto: Maurício Bertoni.
(*) Yury Lezgintsev é doutor em ciências econômicas pela Academia de Economia e Serviço Público da Rússia e atual cônsul-geral da Rússia em São Paulo. Já serviu no Peru, nos Estados Unidos, na Venezuela e no Chile.
REALIZAÇÃO: OPERA MUNDI www.operamundi.uol.com.br
APOIO: SPUTNIK CULTURAL